quarta-feira, 16 de junho de 2010

Garanhuns, se destaca em corrupção e desvio de verbas

Rousseau era um pensador prático. Dizia que a origem da corrupção estava no fim da escravidão. Os homens que antes se preocupavam com política e deixavam o trabalho com os servos agora precisavam trabalhar.

Prático e lógico para a época. Mas simplista demais para a nossa sociedade atual. Afinal, o direito à informação está na Constituição Federal. E através dele a população pode cobrar políticas públicas ou pressionar o poder constituído, pode modificá-lo pelo voto. A informação passada pelos meios de comunicação é essencial para isso.

Mas há os que não gostam de se envolver. Dizem que os gatos vivem por cima dos muros porque de um lado há cachorros; do outro, há pessoas. E todos são perigosos, se não forem gatos.

Caruaru e Garanhuns não podem ser encarados como exemplos de corrupção, mas como demonstração de que o povo cansou de ser roubado, de ser enganado

Caruaru e Garanhuns vivem momentos distintos, mas próximos em suas dinâmicas políticas. A justiça na capital do Agreste está processando criminalmente um ex-prefeito. A suíça pernambucana está ainda digerindo as denúncias sobre desvios de verbas e fraudes publicadas na imprensa recentemente.

Vale fazer a famosa pergunta “Tostines”: A corrupção aumentou ou nós estamos identificando e a combatendo melhor? A imprensa está se modificando na região e a consciência do povo também.

A verdade é que o célebre “rouba, mas faz” já não tem lugar na política nem na sociedade atual. Caruaru e Garanhuns não podem ser encarados como exemplos de corrupção, mas como demonstração de que o povo cansou de ser roubado, de ser enganado.

Não se sabe, ao certo, de quanto dinheiro se fala nos desvios praticados em Caruaru, que estão na justiça. Em Garanhuns, referente ao processo da reforma de uma ponte, o prejuízo chegou a quase R$ 19 mil. É pouco? Não importa; é dinheiro do povo.

É o dinheiro suado que o trabalhador gasta em impostos na hora em que compra um quilo de feijão. Ali tem imposto. E aquilo é para construir escolas, postos de saúde e até para reformar pontes, desde que a reforma aconteça.

O Brasil é um país rico, consumido pela corrupção e onde os meios de comunicação, que deveriam ser uma salvaguarda contra o que Rousseau apontou, vivem calados, em sua maioria, escondidos atrás das notícias.

Não se pode ser imparcial ficando calado para não fazer escolhas porque todo muro tem três lados: o esquerdo, o direito e o de cima. Ficar em cima dele também é uma escolha; também é parcial.

O problema é que as pessoas costumam achar que cada lado desse muro abriga um poder diferente e que o correto é não tomar partido. Não! De um lado, nesse muro, está o poder constituído, eleito para administrar nossas cidades, estados. Do outro lado, está o povo que precisa ser representado por alguém, já que não é representado pela classe política.

É ao lado do povo que a imprensa precisa ficar. Vamos deixar a parte de cima do muro para os gatos.
 
 
Fonte: JC Online

Um comentário:

  1. Caro Wellington, muito bem colocado seu texto. FIcar em cima do muro também é ser pacial. A corrupção sempre existiu e sempre existirá. Em maior ou menor grau depende só da época e da riqueza do lugar. A diferença sempre vai estar na fiscalização, na denúncia, na coragem, na ética da sociedade. A população tem que cada vez mais, enxergar que a corrupção não é o preço que se paga por melhorias na base do rouba mas faz. Essa frase esta incompleta deveria ser: rouba mas faz por si mesmo. Quem rouba não faz, deixa de fazer, sorrir e ser simpático não basta tem que ser honesto, ser ético e porque não sério e reto. Mas os tempos são mais transparentes, a internet esta mudando tudo, a imprensa esta livre.

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