quinta-feira, 8 de julho de 2010

Turma do colchão armazena em casa R$ 3,5 milhões

Fogo no colchão Dono de poder de sedução natural, o papel-moeda dispensa o apelo a artificialidades afrodisíacas. Não se presta à impressão de caras bonitas, seios torsos e dorsos.

Feio, sujo e, por vezes, rasgado, o dinheiro é mais sexy do que a capa da Playboy. Não espanta que tantos queiram levá-lo para o colchão –ou para baixo dele.

Obrigados a informar o patrimônio à Justiça Eleitoral, um grupo de políticos viu-se forçado a iluminar a intimidade da alcova monetária.

Os repórteres Breno Costa, Filipe Coutinho e Márcio Falcão identificaram pelo menos mais 15 investidores domésticos.

São candidatos a governador, vice ou a senador. Juntos, guardam em casa a bagatela de R$ 3,5 milhões. Ou seja, Dilma Rousseff (R$ 113 mil guardados em casa) não está só.

A mania não é ilegal, apenas ilógica. Aplicado, o dinheiro é protegido da corrosão inflacionária. Com alguma sorte, pode ser até vitaminado.

Candidato ao Senado, Orestes Quércia (PMDB-SP) diz que conserva em casa R$ 1,28 milhão –parte em reais, parte em dólares.

Levada à poupança, a cifra seria adensada em R$ 78,8 mil ao ano. Dinheiro de troco, no caso de Quércia –patrimônio declarado de R$ R$ 117,4 milhões.

Companheiro de chapa de Quércia, o postulante ao Senado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) mantém sob o colchão R$ 50 mil.

Outro tucano, Nilo Coelho, candidato a vice-governador da Bahia na chapa de Paulo Souto (DEM) conserva longe da rede bancária R$ 912,6 mil.

Joaquim Roriz (PSC), cuja candidatura ao governo do DF convive com o assédio da lei da Ficha Limpa, dorme sobre R$ 160 mil em grana viva.

O vice de Roriz, Jofran Frejat (PR), retém em casa R$ 250 mil. Menos do que tinha em 2006, quando se elegeu deputado: R$ 1,3 milhão.

Frejat arrisca uma explicação: "Eu já perdi dinheiro em banco que faliu e no Plano Collor...”

“...Esse dinheiro é fruto da minha renda como médico e deputado. Você nunca sabe quando precisa de dinheiro numa emergência".

Noves fora as emergências da vida, o hábito de dormir sobre maços de dinheiro há de proporcionar repouso inaudito.

Há no mundo muita gente cansada de amor, de trabalho, de política e até de ideais. Só não há quem se canse de dinheiro.

 

Fonte: Blog da Folha, por Josias de Souza

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