sábado, 7 de novembro de 2009

"Pensando na Vida... x Meu compromisso com a vida..."

Hoje me deparei pensando na vida, às vezes entro numa hipnose de uma loucura particular, onde meus pensamentos me levam por caminhos áridos, e por mais que eu busque, não consigo encontrar respostas nem soluções para minhas incógnitas e questões interiores. Não são poucas as circunstancias em que me pergunto: “o que é a vida, senão um conjunto de fatos sem sentido?”. Queria poder expressar em palavras o amor que tenho por pessoas que realmente amo, queria dá mais valor as coisas simples e que muitas vezes meus olhos não valorizam, e ai por diante, em meu dilema de não conseguir externar estes e outros sentimentos, tomo a liberdade de citar aqui um texto do Pr. Ricardo Gondim o qual transmiti em suas linhas um pouco deste meu silencio:

"Olho para o passado com lascas de nostalgia e pontas de melancolia. Caminhos que nunca trilhei hoje parecem bem mais fáceis. Amores que exigiram coragem voltam a me seduzir para me deixar ainda mais triste. Aventuras que nasceram de narcisismos e falsas onipotências reclamam explicações; como justificar tanto delírio? Não, não pretendo remontar passado. Desisto de qualquer tentativa de ressuscitar o que jaz sob o lajeado da decepção.


Para refazer meu compromisso com a vida, abandono o rigor de um humanismo idolátrico. Não idealizo as iniciativas ideológicas. Sei que toda instituição convive com o germe de sua própria inutilidade. Também não me prostro no altar do niilismo; descreio da capacidade humana de erguer-se pelos próprios cadarços. Meu existencialismo é frágil, carregado de suspeita. Minha religião, cheia de decepção. Minha ideologia agoniza debaixo dos escombros da modernidade.

Para refazer meu compromisso com a vida, largo na beira da calçada as metas-narrativas. Desconfio dos projetos globais. Incoerência entre discurso e prática me desesperam. A incapacidade de vertebrar o que acredito de coração me enoja. Criei cismas. Rio por dentro; é meu jeito de sobreviver aos ufanismos que tanto me irritavam no passado. Sei que preciso aniquilar os fantasmas que me deixaram com a sensação de ser um deus.

Para refazer meu compromisso com a vida, desisto de tentar levar a ferro e a fogo qualquer coisa. Erros me fizeram bem. Boas ações me arruinaram. Amigos me entristeceram. Desconhecidos me acolheram. Quando planejei, empaquei. Por outro lado, inesperadamente a vida deu certo sem planejamento. Sofri também com pecados. Paguei um alto preço por ser indolente. Mas, incrível, quando deixei para o dia seguinte o que deveria fazer hoje, foi bom.

Para refazer meu compromisso com a vida, quero ser leve como a pluma que escapou da asa do cisne, denso como o ruço que cobre a madrugada, escuro como a noite tropical sem lua, e transparente como o mar do Mediterrâneo. Hei de aprender a não discursar. Almejo ser mais enfático mas só em ternura; mais brando em afirmações. Pretendo rearrumar minha oratória. Quero voltar a olhar para o nada, como as crianças; a entrecortar frases com longas pausas, como os monges; a ritualizar os instantes, como os namorados.

Para refazer meu compromisso com a vida, espero envelhecer sem casmurrice. Acolher as doidices dos jovens, lembrando de como as minhas faziam sentido. Celebrar cada manhã como uma ressurreição. Aguardar o pôr-do-sol como uma grávida anseia pelo primeiro choro do filho. Plácido como um lago entre duas montanhas, espero encarar a morte. E que não reste nenhuma nesga de frustração em minha alma. E que eu descanse no sábado final com um sorriso maroto, sorriso de quem foi embora dizendo: valeu viver."

2 comentários:

  1. Parabéns Pr Wellington, aqui, suas palavras fazem com que repensemos nos reais valores e sentidos para viver a vida. Reaprender a vivê-la. A humanidade carece de paradoxos de verdadeira essencia, não demonstramos saber. O planejamento nem sempre nos traz a certeza do esperado, só espectativas, contudo, nossa Fé em cristo precussiona o sentido de tudo, o amor e a fraternidade nos apoxima cada vez mais Dele. Parabéns!!!
    Marcos Antonio.

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  2. Olá Wellington!Fico muito feliz que você partilhe conosco tão relevante reflexão em meio a turbulência dos dias em que vivemos. Por isso, também tomo a liberdade de acrescentar ao seu nobre discurso, o exemplo do guerreiro da luz, dado por Paulo Coelho, quando diz que ele aprendeu que Deus usa a solidão para ensinar a convivência. Usa a raiva para mostrar o infinito valor da paz. Usa o tédio para ressaltar a importância da aventura e do abandono. Deus usa o silêncio para ensinar sobre a responsabilidade das palavras. Usa o cansaço para que se possa compreender o valor do despertar. Usa a doença para ressaltar a benção da saúde. Deus usa o fogo para ensinar sobre a água. Usa a terra para que se compreenda o valor do ar. Usa a morte para mostrar a importância da vida.E então percebemos que, muitas vezes, nossas inquietações,são as mensagens divinas que nos chegam, tão além do nosso pequeno entendimento sobre as coisas do Pai!
    Parabéns pela sua desenvoltura e partilha!
    Graça e Paz!

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