quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Entenda a crise entre PT e PMDB que ameaça o governo Dilma

PT x PMDB A crise por cargos deflagrada entre os dois principais partidos de sustentação do governo Dilma Rousseff - PT e PMDB - já dava seus primeiros sinais no pós-eleição, quando os petistas começaram a abocanhar ministérios na gestão Lula então comandados por peemedebistas, como Comunicações, Saúde e Integração Nacional. As três pastas estão investidas de poder político, seja pela capacidade de barganha na concessão de rádios e retransmissoras de TV, como no caso das Comunicações, seja pelo poder de caixa que detêm. Apenas o Ministério da Saúde, por exemplo, tem orçamento acima dos R$ 74 bilhões para 2011.

Ainda que o PMDB detenha cinco ministérios, fora a Defesa, cujo titular, Nelson Jobim, é da cota pessoal da presidente, a legenda argumenta que o PT tem exigido "porteira fechada" nas pastas, situação em que um mesmo partido controla todos os postos da hierarquia do ministério. Diante da grita dos peemedebistas, que reclamam que novos ministros ignoraram acordos prévios sobre distribuição de cargos - a Fundação Nacional da Saúde (Funasa) e estatais ligadas ao setor elétrico, por exemplo, são tradicionais redutos do PMDB - a presidente Dilma determinou a suspensão de toda a distribuição de postos do segundo escalão. Até fevereiro, ministros com mais capacidade de "convencimento", como Antonio Palocci (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Saúde), atuarão nos bastidores para acalmar o aliado insatisfeito.

Mesmo que o governo federal já contasse com as reclamações peemedebistas, o controle da crise se justifica tanto pela capacidade de o vice-presidente, Michel Temer, levar as insatisfações direto para Dilma, como foi o caso da reunião de Coordenação Política ocorrida na última segunda-feira, quanto pelo risco de o partido, segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, provocar problemas em votações consideradas importantes para o Palácio do Planalto.

O sinal concreto de problemas futuros no Parlamento foi dado pelo líder do PMDB entre os deputados, Henrique Eduardo Alves (RN), que já afirmou que a legenda, assim como os demais aliados, precisam ser "convencidos" de que o salário mínimo tem mesmo de ficar no valor de R$ 540, como defende o Executivo. Além do desgaste político imposto a Dilma com a eventual necessidade de vetar um valor maior definido pelos parlamentares já nos primeiros dias de governo, outros projetos de grande impacto orçamentário, como a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC), que cria um piso nacional de reajusta salários para policiais e bombeiros, colocaria em risco a expectativa de controle de gastos recém-prometido pela nova presidente.

 

Fonte: Terra

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