Estima-se que a doença celíaca – uma condição auto-imune caracterizada por uma intolerância permanente ao glúten (presente no trigo, cevada, centeio, aveia e malte) em pessoas geneticamente predispostas – afete cerca de 0.5 a 1% da população em geral, e cerca de 5% de parentes de primeiro grau de portadores. Embora a doença possa ser assintomática (estar presente na ausência de sintomas), em crianças ela é classicamente associada (dentre outros sintomas) à problemas no desenvolvimento, crescimento tardio e perda de peso. Novos estudos sugerem, no entanto, que a doença celíaca deve ser considerada mesmo em crianças acima do peso ou obesas.
Diversas pesquisas conduzidas na última década apontam para o fato de que adultos acima do peso também podem ser – e frequentemente são – diagnosticados com a doença celíaca. Em 2006, por exemplo, dois pesquisadores (W. Dickey e N. Kearney) mostraram que 36% dos adultos diagnósticados como celíacos (dentre 371 diagnosticados em uma clínica nos Estados Unidos) estavam acima do peso no momento do diagnóstico. Resultados similares foram obtidos também em 2004, quando um grupo de pesquisadores (J. West e colaboradores) detectou que 17% de um grupo de 3490 pacientes diagnosticados como celíacos também estavam acima do peso no momento do diagnóstico (ou seja, antes do início da dieta sem glúten).
Agora um novo estudo publicado mês passado indica que crianças celíacas também podem estar acima do peso, ou mesmo serem obesas. Nesta pesquisa, conduzida em um hospital pediátrico da Escola Médica de Wisconsin (EUA), o peso (no momento do diagnóstico) e características físicas de 143 crianças diagnosticadas com a doença celíaca entre 1986 e 2003 foram analisados. Todas as crianças incluídas no estudo tiveram o diagnóstico confirmado por biópsia duodenal. Os resultados mostraram que 5% destas crianças eram obesas antes do início da dieta sem glúten, com sintomas que incluiam dores abdominais e diarréia.
Vale destacar que os resultados acima foram obtidos em um país (Estados Unidos) onde uma grande porcentagem da população está acima do peso ou é obesa. Ainda assim, eles indicam que o diagnóstico da doença celíaca não deve ser descartado (ou uma investigação deixar de ser feita) simplesmente em função de um paciente – adulto ou criança – estar acima do peso.
Referencias Bibliográficas:
Venkatasubramani N, Telega G, Werlin SL. 2010. Obesity in Pediatric Celiac Disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr. May 12.
Dickey W, Kearney N. 2006. Overweight in celiac disease: prevalence, clinical characteristics, and effect of a gluten-free diet. Am J Gastroenterol; 101:2356–9.
West J, Logan RF, Card TR, et al. Risk of vascular disease in adults with diagnosed coeliac disease: a population-based study. Aliment Pharmacol Ther 2004;20:73–9.
Fonte: Revista Vida sem Glúten e sem Alergias (www.vidasemglutenealergias.com)
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