terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Moura vai investir R$ 500 milhões para dobrar capacidade

Bateria moura Desde que foi fundada, em 1958, a fabricante de baterias Moura concentra a produção em Belo Jardim, cidade do agreste pernambucano a 2,5 mil quilômetros do ABC paulista, onde está o principal polo da indústria automobilística. A distância não impediu, porém, que a empresa consolidasse operações no país, tornando-se uma das mais importantes e renomadas do setor de autopeças. Com a chegada da Chrysler a Pernambuco, que deve ser anunciada oficialmente amanhã, a Moura poderá experimentar em breve as vantagens de ter uma montadora no seu "quintal". Para atender à nova vizinha, a empresa vai investir R$ 500 milhões nos próximos anos para dobrar a capacidade de produção.

O plano de investimentos da Moura prevê a construção de novas fábricas, todas em Pernambuco, sendo uma já garantida para o Complexo Portuário de Suape, mesmo local onde se instalará a primeira montadora de Pernambuco. O decreto que regulamenta incentivos fiscais para o Nordeste foi publicado no Diário Oficial da União na sexta-feira. A assinatura do decreto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estará em Pernambuco amanhã, foi condição fixada pelo grupo Fiat, que controla a Chrysler, para erguer uma fábrica da montadora americana em Pernambuco.

A Moura ainda não definiu a localização das novas fábricas. "Estamos preparando um estudo logístico. Em Suape haverá uma unidade com certeza, até porque já temos um terreno ali", contou ao Valor o presidente da Moura, Paulo Gomes de Sales. A empresa tem cinco fábricas, sendo quatro em Belo Jardim e uma, menor, em Itapetininga (SP), que somam produção anual de 5 milhões de baterias. Segundo o executivo, a expectativa é chegar em 2020 com capacidade para 10 milhões.

Sales contou, ainda, que o montante anunciado levou em consideração as exigências contidas no Decreto 7.389/2010, publicado na sexta-feira, pelo qual fabricantes de autopeças devem investir pelo menos R$ 500 milhões para terem direito aos benefícios fiscais previstos na Lei 9.440/97.

Com a publicação, as empresas do setor instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e que apuram IR pelo regime do lucro presumido podem utilizar até dezembro de 2020 os créditos de IPI acumulados para quitar outros tributos federais, como o PIS e a Cofins.

Assim como ocorreu com a Moura, a expectativa do governo de Pernambuco é que com a chegada de uma fábrica de veículos Suape atraia uma onda investimentos da cadeia de suprimentos. Segundo fontes, deve ser anunciada nos próximos dias uma fábrica de pneus em Suape. "Nosso papel agora é mostrar para esses fornecedores que é mais barato produzir aqui", explicou o presidente da Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (AD Diper), Jenner Guimarães.

Um dos interessados é o grupo pernambucano Cornelio Brennand, que está erguendo uma fábrica de vidros planos no município de Goiana, a 65 quilômetros do Recife. A unidade irá receber aporte de US$ 200 milhões e deve ficar pronta no final de 2012. O grupo tem interesse em participar do setor automotivo. "A conversão dos nossos vidros para a indústria automotiva vai demandar investimento adicional de US$ 40 milhões", disse o diretor-executivo, Paulo Drummond.

Desde que adquiriu o controle da Chrysler, em 2009, a Fiat também assumiu o comando da reestruturação da linha de veículos da montadora americana. O conhecimento da filial brasileira da Fiat no desenvolvimento de carros pequenos ajudará a incluir esse tipo de veículo na futura linha de produtos Chrysler. (Colaborou Marli Olmos)

 

Fonte: Valor

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