E a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois parti- participantes das aflições, assim o sereis também da consolação" (2Coríntios 1.7).
Na floresta de Sariã, na Índia, viviam animais de todos os portes e temperamentos. Alguns ferozes, ágeis, e outros mais acomodados e dóceis. Havia também uma grande variedade de aves e répteis. Conta-se que entre eles destacava-se um passarinho muito querido pelos companheiros de floresta. Era dócil e diligente. Depois de um prolongado verão, com tantas folhas secas cobrindo o chão, irrompeu na floresta um pavoroso e incontrolável incêndio. À medida que o fogo invadia o seu interior, os moradores de Sariã fugiam espavoridos. Os mais vagarosos eram alcançados pelo fogo e acabavam fenecendo antes de sair do seu habitat. O fogo ameaçava impiedosamente destruir as árvores seculares e os bosques tranqüilos e acolhedores.
Vendo o que se passava, o passarinho amigo viu-se numa situação de verdadeiro desespero. Mas não perdeu muito tempo. Saiu voando em direção ao rio, onde mergulhou para depois sair voando sobre as chamas. Com a água conservada nas penas aspergia o fogo, na tentativa de apagá-lo. Ia ao rio e voltava incessantemente, repetindo essa fatigante operação dezenas de vezes, sem desfalecimento. Tudo era inútil porque as labaredas, cada vez mais violentas, tomavam proporçôes sempre maiores. O passarinho, entretanto, não se cansava e nem desistia.
Um chacal indolente observou, irônico:
- Ó companheiro, que desmedida tolice está cometendo?! Então acha você que, com essas poucas gotinhas d'água que leva nas penas, vai conseguir apagar o volumoso incêndio que invade todo o mataréu?
- Bem sei que a minha contribuição é insignificante e fraca diante das colunas de fogo que aniquilam a nossa querida habitação - disse o passarinho.
- Não posso, porém, fazer mais do que faço. Eu quisera poder me desdobrar muito mais, contudo, não posso. Assim, dentro das minhas possibilidades estou cumprindo o meu dever.
Nesse mundo envolto em chamas somos, particularmente, semelhantes ao passarinho de Sariã; não conseguiremos combater as labaredas destruidoras da violência, do desamor e da indignidade que ameaçam destruir a nossa tranqüilidade, harmonia e segurança. Entretanto, onde cair nossa gota de serviço, ela cumprirá sua missão. O importante agora não é discutir se o fogo vai ou não ser extinguido, se a contribuição pessoal que prestamos será valiosa, mas o que na realidade importa é que cada um de nós cumpra o seu dever de lutar por um mundo melhor, mais digno e fiel transmissor da paz e da harmonia.
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